sexta-feira, 3 de julho de 2009

Antonella, prazer. - Capítulo 1

Chovia bastante naquela tarde. E eu ainda tinha que pegar meu irmão mais novo na escola. Isso não aconteceria se minha mãe me escutasse e contratasse uma babá. Porque além de eu ter que buscar aquele pirralho melequento, eu também tenho que brincar de massinha com ele, ou como minha mãe prefere dizer: trabalhos manuais para desenvolver a criatividade. Que ótimo. E eu tenho que ficar lá igual uma idiota vendo ele enrolar bolinhas. Porque é claro que eu só fico tomando conta, pra ver se ele não pensa que é biscoito e engole aquele treco nojento, se não o que seria das minhas unhas?

Minha mãe não vê que eu tenho minhas coisas para resolver. E eu já tenho problemas de mais e não tenho tempo para ficar com o Tom. Mais ela nunca me escuta. Ela me pergunta, como uma menina de quinze anos pode ter problemas? Se você estiver se perguntando por que eu não falo com o meu pai, a resposta é: ele não se importa, porque eu nem deve saber que eu existo. Sim, o Tom é filho do segundo casamento da minha mãe e sim de novo, eu não gosto do meu padrasto. Não é que eu não goste, é que eu só encontro com ele de manhã quando eu pego minhas toradas com leite e saio correndo atrás do meu ônibus, e mais nada. Ele chega muito tarde e eu já estou dormindo. Nos fins de semana eu faço o máximo para não ficar em casa. É um tédio total. O nome dele é Carlos. Ele sempre chama aqueles amigos nojentos para fazer um churrasco aqui em casa. E minha mãe chama as vizinhas para uma reunião de ioga. Não sei como elas conseguem se concentrar com aqueles homens fedidos gritando no jardim.

Já deu pra sacar como é minha vida né? Não! não mesmo. Eu tenho problemas mais sérios do que tomar conta do meu irmão. O problema maior se chama Lucas Lee. O menino que mora no fim da minha rua, que estuda na minha sala e que me vê todo dia correndo atrás do onibus. E simplesmente o garoto mais bonito que eu já vi na minha vida. Ele não é loiro dos olhos azuis, mais é um moreno alto de olhos cor de mel. Conheço ele desde os meus três anos de idade quando meu pai resolveu sair de casa . O pior é que ele me vê como a amiga de infância e eu como sua futura namorada. Que ótimo! (percebeu a ironia?).


(..continua)